retalhos cerzidos

"eles passarão... eu passarinho"

Textos


Solidão, de Henry Thoreau em Walden; ou, a vida nos bosques

É uma noite deliciosa, em que o corpo todo é um sentido só, e absorve prazer por todos os poros. Vou e volto em estranha liberdade na Natureza, uma parte dela mesma. Quando per­corro a margem pedregosa do lago em mangas de camisa, embora esteja frio, nublado e ventoso e não veja nada de especial que me atraia, sinto uma invulgar afinidade com todos os elementos. As rãs-touro trombeteiam anunciando a noite, e o vento ondulante que vem das águas traz o canto do noitibó. A harmonia com as folhas adejantes do choupo e do amieiro quase me tira a respiração; porém, como o lago, minha serenidade se ondula, mas não se encrespa. Essas pequenas ondas levantadas pelo vento noturno estão tão distantes de um temporal quanto a lisa superfície cristalina. Agora está escuro, mas o vento ainda sopra e ruge na mata, as ondas ainda se quebram, e algumas criaturas embalam as demais com suas melodias. O repouso nunca é completo. Os animais mais ariscos não repousam e agora procuram suas presas; a raposa, a jaritataca e o coelho agora percorrem os campos e as matas sem medo. São os vigias da Natureza elos que conectam os dias da vida animada.
  Quando volto para minha casa, descubro que apareceram algumas visitas e deixaram seus cartões, um ramalhete de flo­res, uma coroa de folhas de pinheiro, um nome a lápis numa lasca ou numa folha amarela de nogueira. Quem raramente vem à mata pega algum pedacinho da floresta para entreter as mãos durante o caminho, e depois deixa ali, de propósito ou por acaso. Alguém descascou um ramo de salgueiro, trançou num anel e o deixou em minha mesa. Sempre sei se alguém apareceu em minha ausência, seja pelo capim pisado, por algum ramo vergado ou pela marca dos sapatos, e geralmente sei o sexo, a idade ou a condição por algum leve vestígio, como uma flor caída no chão, ou um punhado de mato ar­rancado e jogado longe, chegando até a estrada de ferro a oitocentos metros de distância, ou o odor persistente de um charuto ou cachimbo. Aliás, eu era frequentemente avisado da passagem de alguém pela estrada a trezentos metros pelo cheiro do cachimbo.
  Usualmente há espaço suficiente ao nosso redor. Nosso horizonte nunca está muito junto de nós. A mata fechada não está bem em nossa porta, nem o lago, mas sempre há alguma clareira, familiar e usada por nós, apropriada e cercada de alguma maneira, tirada à Natureza. Por que razão eu tenho essa vasta área e circuito, alguns quilômetros quadrados de floresta não frequentada, para minha privacidade, que os ho­mens abandonaram a mim? Meu vizinho mais próximo fica a um quilômetro e meio daqui, e não há nenhuma casa à vista de lugar nenhum, a não ser do alto da colina, a oitocentos metros de onde fica a minha. Tenho todo meu horizonte cercado por matas só para mim; de um lado uma vista distante da ferrovia, onde ela encosta no lago, e do outro lado a vista da cerca que margeia a estrada dos bosques. Mas, de modo geral, onde eu vivo é tão solitário quanto as pradarias. Podia ser Ásia, África ou Nova Inglaterra. Tenho, por assim dizer, meu sol, minha lua e minhas estrelas, e todo um pequeno mundo só para mim. À noite nunca nenhum viajante passou por minha casa nem bateu à minha porta, como se eu fosse o primeiro ou último homem na face da terra; exceto na primavera, quando a lon­gos intervalos vinham alguns da cidade para pescar fanecas obviamente estavam pescando no Lago Walden da própria natureza deles e usavam as sombras da noite como isca de seus anzóis —, mas logo se retiravam, geralmente com o cesto leve, e deixavam “o mundo para as trevas e para mim”, e o recesso negro da noite nunca era profanado por qualquer proximidade humana. Acredito que os homens, de modo geral, ainda sentem um pouco de medo do escuro, mesmo enforcadas todas as bruxas e introduzidas as velas e o cristianismo.
  No entanto, às vezes eu sentia que qualquer objeto natural podia oferecer a mais suave e meiga, a mais inocente e animadora companhia, mesmo ao misantropo pobre e ao mais melancólico dos homens. Não há como existir nenhu­ma negra melancolia para quem vive entre a Natureza e tem serenidade dos sentidos. Jamais existiu temporal algum que não fosse uma música eólica a ouvidos sadios e inocentes. Nada consegue impelir honestamente um homem simples e bravo a uma tristeza vulgar. Enquanto desfruto a amizade das estações, sinto que nada conseguirá fazer da vida um fardo para mim. A chuva mansa que hoje rega meus feijões e me mantém dentro de casa não é tristeza nem melancolia, e é boa para mim também. Ela me impede de carpi-los, mas é muito mais valiosa do que meu carpir. Mesmo que continuasse a chover por muito tempo, até apodrecer as sementes no solo e estragar as batatas nas baixadas, ainda assim a chuva seria boa para a vegetação nas terras altas, e, sendo boa para a vegetação, seria boa para mim. Às vezes, quando me comparo a outros homens, parece que sou mais favorecido pelos deuses do que eles, para além de qualquer mérito de que eu tenha consciên­cia; como se nas mãos deles eu tivesse uma garantia e uma segurança que meus semelhantes não têm, e contasse com guia e proteção especial. Não estou me gabando; eles, por assim dizer, é que me gabam. Nunca me senti solitário, ou sequer oprimido por um sentimento de solidão, exceto uma única vez, e foi poucas semanas depois de ter vindo para a mata, quando, durante uma hora, fiquei em dúvida se a proximidade humana não seria essencial para uma vida serena e saudável. Estar sozinho era um pouco desagradável. Mas ao mesmo tempo eu tinha consciência de uma leve insanidade em meu estado de espírito, e eu parecia prever minha recuperação. No meio de uma chuva mansa, tomado por esses pensamentos, de súbito senti uma companhia tão doce e benéfica na Natureza, no próprio tamborilar das gotas de chuva, em cada som e cada imagem ao redor de minha casa, uma amistosidade infinda e inexplicável, tudo ao mesmo tempo, como uma atmosfera me sustentando, que as imaginadas vantagens da proximidade humana se tomaram insignificantes, e desde então nunca mais pensei nelas. Cada pequena agulha de pinheiro se expandia e se dilatava de simpatia e se fazia amiga. Tive uma percepção tão clara da presença de uma afinidade, mesmo em cenários que costumamos considerar tristes e ermos, e também que o mais aparentado de sangue e mais próximo de mim não era uma pessoa nem um morador da cidade, que achei que jamais voltaria a estranhar lugar algum.

“O lamento prematuro consome os tristes;
Poucos são seus dias na terra dos vivos,
Ó bela filha de Toscar.”

[“Mourning untimely consumes tize sad;
Few are their days in the land of the living,
Beautiful daughter of Toscar.”]

  Algumas de minhas horas mais agradáveis transcorriam durante os longos temporais na primavera ou no outono, que me prendiam dentro de casa antes e depois do almoço, embalado pelo incessante zunir e tamborilar; até que um precoce entardecer anunciava uma longa noite em que muitos pensamentos tinham tempo de se enraizar e se desenvolver. Naquelas tempestades vindas do nordeste que tanto fustigavam as casas da cidade, em que as empregadas se punham de pronti­dão com baldes e esfregões na entrada da frente para impedir a inundação, eu me sentava atrás da porta em minha casinha, que era toda ela uma entrada, e gozava plenamente sua proteção. Apenas num forte temporal com trovoada, um raio atingiu um grande pinheiro do outro lado do lago, entalhando um sulco bem marcado, numa perfeita espiral de cima a baixo, com uns três centímetros de fundura e uns dez ou doze centímetros de largura, tal como fazemos um entalhe numa bengala. Outro dia passei novamente por ele, e fiquei espantado ao olhar para cima e ver aquela marca, agora mais nítida do que nunca, onde um terrível e irresistível relâmpago caíra do céu inofensivo oito anos atrás. Muitas vezes me dizem: “Imagino que você se sentia solitário lá embaixo, e queria estar mais perto das pes­soas, principalmente nos dias e noites de chuva e neve”. Fico com vontade de responder: Esta terra inteira que habitamos é apenas um ponto no espaço. A que distância você acha que moram os dois habitantes mais afastados daquela estrela acolá, cujo diâmetro nossos instrumentos não conseguem calcular? Por que eu me sentiria sozinho? Nosso planeta não fica na Via Láctea? O que você está me colocando não me parece a questão mais importante. Qual é o tipo de espaço que separa um homem de seus semelhantes e o faz solitário? Descobri que nem o maior esforço das pernas consegue aproximar dois espíritos. Queremos morar perto do quê? Certamente não gostaríamos de viver perto de muita gente, nem da estação de trem, da agência do correio, do bar, da igreja, da escola, da mercearia, de Beacon Hill ou dos Five Points, onde mais se reúnem as pessoas, e sim perto da fonte eterna de nossa vida, de onde toda a nossa experiência diz que ela brota, como o salgueiro que fica perto d’água e lança suas raízes em sua direção. Ela vai variar segundo as diversas naturezas, mas é o local onde o sábio irá cavar seu porão... Uma noite, alcancei um de meus concidadãos, que tinha acumulado o que se chama de “bela propriedade” embora eu não conheça nenhuma vista bonita dela —, na estrada de Walden, levando duas cabeças de gado para o mercado, o qual me perguntou como eu podia renunciar a tantos confortos da vida. Respondi que tinha plena certeza de gostar bastante da vida que levava; e não estava brincando. E então fui para casa me deitar, e deixei o sujeito escolhendo cuidadosamente onde pisaria na escuridão e na lama até Brighton ou Bright-Town (Cidade Brilhante [N.E.]) —, aonde só chegaria em alguma hora da manhã seguinte.
  Para um morto, qualquer perspectiva de despertar ou viver torna indiferente a hora e o lugar. O lugar onde isso pode ocorrer é sempre o mesmo, e é indescritivelmente agradável a todos os nossos sentidos. De modo geral, deixamos que a oca­sião nos seja dada por circunstâncias externas e passageiras. Na verdade, elas nos dão é distração. O que está mais perto de todas as coisas é aquele poder que lhes molda o ser. Perto de nós estão as mais grandiosas leis em contínua operação. Perto de nós está, não o trabalhador que contratamos e com quem tanto gostamos de conversar, e sim o trabalhador cujo trabalho resulta em nosso ser.
  “Quão vasta e profunda é a influência dos poderes sutis do Céu e da Terra!”
  “Tentamos percebê-los, e não os vemos; tentamos ouvi-los, e não os ouvimos; identificados com a essência das coisas, não podem ser separados delas.”
  “São a causa pela qual, em todo o universo, os homens purificam e santificam seus corações, e vestem suas roupas cerimoniais para oferecer sacrifícios e oblações a seus ances­trais. E um oceano de inteligências sutis. Estão por todas as partes, acima de nós, à nossa esquerda, à nossa direita; elas nos cercam por todos os lados.”
  Somos objeto de uma experiência não pouco interessante para mim. Nessas circunstâncias, não podemos dispensar por algum tempo a companhia de nossos mexericos alegrarmo­-nos com nossos próprios pensamentos? Confúcio diz com jus­teza: “A virtude não se mantém como um órfão abandonado; ela precisa necessariamente de vizinhos”.
  Com o pensamento, podemos estar ao nosso próprio lado, num sentido saudável. Por um esforço consciente da mente, podemos nos elevar acima das ações e de suas consequências; e todas as coisas, boas e más, passam por nós como uma tor­rente. Não estamos totalmente envoltos na Natureza. Posso ser a madeira flutuando na correnteza ou Indra no céu olhando-a das alturas. Posso ser afetado por uma apresentação teatral; por outro lado, posso não ser afetado por um acontecimento real que parece me dizer muito mais respeito. Só me conheço como entidade humana; o palco, por assim dizer, de pensamentos e afetos; e percebo uma certa duplicidade graças à qual posso me afastar de mim mesmo como de outrem. Por mais intensa que seja minha experiência, tenho consciência da presença e da crítica de uma parte de mim, a qual, por assim dizer, não é parte de mim, mas é um espectador, que não partilha a experiência, mas toma nota dela; e que não é você nem sou eu. Quando a peça ou, talvez, a tragédia da vida termina, o espectador vai embora. Para ele, era apenas uma espécie de ficção, uma obra da imaginação. Às vezes essa duplicidade facilmente nos torna maus amigos e vizinhos.
  Acho saudável ficar sozinho a maior parte do tempo. Ter companhia, mesmo a melhor delas, logo cansa e desgasta. Gosto de ficar sozinho. Nunca encontrei uma companhia mais com­panheira do que a solidão. Em geral estamos mais solitários quando saímos e convivemos com os homens do que quando ficamos em nossos aposentos. Um homem pensando ou traba­lhando está sempre sozinho, esteja onde estiver. A solidão não se mede pelos quilômetros que se interpõem entre um homem e seus semelhantes. O estudante realmente esforçado numa das turmas lotadas de Cambridge é tão solitário quanto um dervixe no deserto. O agricultor pode trabalhar sozinho no campo ou na mata o dia inteiro, carpindo ou cortando lenha, sem se sentir solitário, porque está em atividade; mas, quando volta para casa à noite, não consegue ficar sentado num quarto sozinho, entregue a seus pensamentos, mas tem de ir a algum lugar onde possa “ver gente” e se divertir para compensar, julga ele, a solidão do dia; por isso pergunta-se como o estudante consegue ficar sozinho em casa a noite toda e grande parte do dia sem sentir tédio nem “fossa”; mas ele não percebe que o estudante, embora em casa, ainda está trabalhando em seu campo, cortando lenha em sua mata, como o agricultor na dele, e por sua vez procura a mesma companhia e diversão que este procura, embora talvez de forma mais condensada.
  O convívio social, geralmente, é banal demais. En­contramo-nos a intervalos muito curtos, sem dar tempo de adquirirmos qualquer novo valor mútuo. Encontramo-nos três vezes por dia à mesa de refeições, e mais uma vez damos uma amostra daquele queijo velho e mofado que somos. Tivemos de concordar com um certo conjunto de regras, que se cha­ma etiqueta e cortesia, para que esses encontros frequentes sejam toleráveis e não precisemos entrar em guerra aberta. Encontramo-nos no correio, nas reuniões, ao pé da lareira toda noite; vivemos sempre juntos, um no caminho do outro, um tropeçando no outro, e penso que assim perdemos um certo respeito mútuo. Sem dúvida, uma menor frequência bastaria para todas as comunicações importantes e sinceras. Vejam as moças numa fábrica nunca sozinhas, nem mesmo em sonhos. Seria melhor se houvesse apenas um habitante por 2,5 quilô­metros quadrados, tal como aqui onde vivo. O valor de um homem não está em sua pele, para precisarmos tocá-lo.
  Ouvi falar de um homem perdido na mata, morrendo de fome e cansaço ao pé de uma árvore, aliviado em sua solidão pelas visões grotescas com que, devido à fraqueza do corpo, sua imaginação enferma o cercava e que ele julgava reais. Assim também, graças à saúde e ao vigor mental e físico, podemos receber um alento constante com uma companhia parecida, mas mais normal e natural, e saber que nunca es­tamos sozinhos.
  Tenho muita companhia em casa, principalmente de manhã, quando ninguém aparece. Farei algumas comparações, e talvez alguma delas possa dar uma ideia de minha situação. Não sou mais solitário do que a mobelha no lago que ri tão alto, nem do que o próprio Walden. Que companhia tem aquele lago solitário, digam-me? E no entanto em sua fossa abrigam-se anjos e não demônios. O sol é sozinho, exceto em tempo fechado, quando às vezes parece ser dois, mas um é de imitação. Deus é um só o demônio está longe de ser sozinho; tem imensa companhia; é legião. Não sou mais soli­tário do que um verbasco ou dente-de-leão num pasto, ou do que uma folha de feijão, uma azedinha, um moscardo ou um zangão. Não sou mais solitário do que o Açude do Moinho, ou do que um catavento, a estrela do norte, o vento do sul, uma chuva de abril ou um degelo de janeiro ou a primeira aranha numa casa nova.
  Nas longas noites de inverno, quando a neve cai intensa e o vento uiva na mata, recebo as visitas ocasionais de um antigo colono e dono original, que, ao que consta, escavou o Lago Walden, pôs-lhe pedras, franjou-o de pinheirais; ele me conta histórias dos velhos tempos e da nova eternidade, e juntos passamos uma noite animada, em alegre convívio alegre e uma visão agradável das coisas, mesmo sem maçãs nem cidra um amigo extremamente sábio e bem-humorado, a quem muito amo, que se mantém mais escondido do que Goffe ou Whalley; e embora o julguem morto, ninguém sabe mostrar onde está sua sepultura. Há uma senhora de idade que também mora nas vizinhanças, invisível à maioria das pessoas, em cujo jardim de ervas aromáticas muito me apraz caminhar ocasionalmente, colhendo símplices e ouvindo suas fábulas; pois seu espírito é de uma fecundidade sem igual, sua memória recua no passado mais do que a mitologia, e ela sabe me contar o original de cada fábula, os fatos em que cada uma delas se baseia, pois os episódios aconteceram durante sua mocidade. Uma senhora corada e robusta, que gosta de todos os climas e estações, e ainda é capaz de sobreviver a todos os seus filhos.
  A indescritível inocência e beneficência da Natureza do sol, vento e chuva, do verão e inverno —, quanta saúde, quanta disposição eles sempre proporcionam! e que solidariedade sempre têm para com nossa espécie, de forma que toda a Natureza é afetada, e o brilho do sol se apaga, e os ventos suspiram doloridamente, e as nuvens derramam lágrimas, e as matas desprendem as folhas e se põem de luto em pleno verão sempre que algum homem sofre por uma justa razão. E como eu não me entenderia com a terra? Não sou também folha e húmus?
  Qual é a pílula que nos manterá bem, serenos, contentes? Não a do meu ou do teu bisavô, mas a botânica medicinal universal de nossa bisavó Natureza, com a qual ela mesma se conserva sempre jovem, sobrevivendo a tantos velhos Parrs e alimentando sua saúde com a obesidade decadente deles. Minha panaceia, em vez daqueles frasquinhos dos charlatães com uma mistura tirada do Aqueronte e do Mar Morto, que saem daquelas carroças rasas e compridas, parecendo escunas de piratas, que às vezes vemos transportar garrafas, é sorver um longo trago do ar puro da manhã. Ar da manhã! Se os ho­mens não o sorvem na nascente do dia, de fato precisaremos engarrafá-lo e vendê-los nas lojas aos que perderam o bilhete de ingresso para a matinê deste mundo. Mas lembrem, ele não se conservará até o meio-dia nem mesmo no porão mais fresco, vai estourar sua rolha muito antes disso e seguirá os passos da Aurora rumo a oeste. Não sou adorador de Higeia, filha daquele velho curandeiro Esculápio, que é representado nos monumentos segurando uma serpente numa das mãos e na outra uma taça onde às vezes se abebera a serpente; e sim de Hebe, a escansã de Júpiter, filha de Juno e da alface-silvestre, e que tinha o poder de devolver aos deuses e aos homens o vigor da juventude. Provavelmente foi a única jovem com plena saúde, de compleição sólida e robusta, a existir no mundo, e por onde ela ia, era primavera.
Henry Thoreau
Enviado por Germino da Terra em 23/03/2013
Alterado em 27/03/2013
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras