elucubrações filosóficas (na revista Metáfora 12)
Érica Zíngano
caldo knorr — who knows
se a verdade, verdadeira é sempre um prato vazio que nem se come frio como a vingança vencida pergunto enquanto a colher de pau gira, gira a minha mão contra o teflon preto sem reflexo beterrabas e batatas tomate mal cortado em cubos cenoura cebolas abobrinhas cheiro de gordura velha a ventoinha nos nervos, exaustor ligado — insistente
me diz caldo knorr
do you know
se nesse tempero cheio de glutamato monossódico antioxidantes vapor e poeira do dia eu posso encontrar um dos meus útimos retratos? pequenas bolhas d’óleo descem formigasno osso da galinha o próprio sangue sem penas coágulos para engrossar o caldo mais reforço escarlate colorau e pimentões vermelhos pouco ou muito sal é o gosto do freguês por fim (grand finale) salpico salsinha, são cinzas de cigarro não tem segredo essa receita mas desisto de comer — sozinha Érica Zíngano
Enviado por Germino da Terra em 30/09/2012
Alterado em 30/09/2012 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |