A vida sem princípio1, de Henry Thoreau (parte III)
Não tenho certeza, mas considero excessivo ler um jornal por semana. Recentemente fiz isso e tive a sensação de passar exatamente uma semana fora de minha terra natal. O sol, as nuvens, a neve e as árvores já não me diziam tanto quanto antes. É impossível servir a dois senhores. É preciso mais do que a devoção de um dia para conhecer e tomar posse da riqueza de um dia. Ao final do dia, é bem possível ficar envergonhado de contar as coisas que lemos e ouvimos. Não sei por que minhas novidades têm que ser tão vulgares; por que as notícias precisam ser tão desinteressantes, se confio em que as pessoas podem sonhar e ter esperança? A maior parte das novidades não fala a nosso espírito. É a mais mofada das repetições. Muitas vezes somos tentados a perguntar por que damos tanta ênfase a uma experiência específica que tivemos — por exemplo, o fato de cruzar de novo na calçada com Hobbins, o oficial do Registro de Títulos, depois de vinte e cinco anos. Nesse tempo todo não terá ocorrido nada de novo? São assim as novidades do dia. Os fatos trazidos por elas parecem flutuar na atmosfera, tão desprezíveis quanto espórulos de fungos, até se grudarem num talo ou numa superfície esquecida de nossa mente, o que lhes dá uma base e, portanto, lhes permite um crescimento parasítico. Devemos nos precaver seriamente contra esse tipo de novidades. Que importância têm elas, mesmo no caso de o planeta explodir, se não há um grão de caráter envolvido na explosão? Se estamos sadios, esses acontecimentos não despertam qualquer curiosidade. Não devemos viver à cata de diversões ociosas. Eu não dobraria a esquina para testemunhar a explosão do planeta. Você passou todo o verão e parte do outono, talvez, inconscientemente longe dos jornais e das novidades do dia, e agora descobre o motivo: é que suas manhãs e suas tardes lhe trouxeram muitas novidades. Suas caminhadas foram cheias de incidentes. Você se ocupou de seus próprios assuntos nos campos de Massachusetts, e não dos acontecimentos da Europa. Se você por acaso está incluído, se movimenta e cultiva sua vida naquele finíssimo extrato social no qual se propagam os acontecimentos que viram notícias do dia — extrato esse mais fino do que o papel do jornal —, então sua vida será preenchida por esses acontecimentos; mas se paira acima ou mergulha abaixo deles, não há por que lhes dedicar qualquer atenção. Na verdade, contemplar todo dia o nascer e o pôr-do-sol — contemplar um fato universal — é tudo de que precisaríamos para nos manter eternamente sãos. Nações! O que são nações? Tártaros, hunos e chineses! Como insetos, elas lançam enxames. É em vão que o historiador se esforça para torná-las memoráveis. É por causa da ausência de um homem que existem tantos homens. Quem povoa o mundo são indivíduos. Qualquer homem que raciocine pode afirmar, junto com o Espírito de Lodin: “De minhas alturas contemplo as pequenas nações E elas viram cinzas aos meus pés Com calma passeio pelas nuvens São agradáveis as planuras do meu repouso”. Por Deus! Que vivamos sem ser puxados pelos cães, à maneira dos esquimós, cortando colinas e baixadas, mordendo as orelhas uns dos outros. Frequentemente me dou conta — e não deixo de me arrepiar ante o perigo — de quase conceder que minha mente se ocupe de algum incidente trivial — tal como as novidades que circulam pelas ruas; e não canso de me espantar com a disposição dos homens de dar tratos à mente em relação a um lixo tão desprezível; isso significa dar passagem aos incidentes e rumores mais fúteis naquilo que deveria ser o território sagrado da reflexão. Será que nossa mente deve ser uma arena pública, onde se discutam principalmente o que corre de boca em boca pelas ruas e salões de chá? Não deve ser ela um quadrante do próprio céu — um templo hipertro 15 consagrado à adoração dos deuses? Já me é tão difícil lidar adequadamente com aqueles poucos fatos que para mim são importantes, que vacilo em me sobrecarregar com os que nada me dizem; só uma mente divina pode iluminar fatos obscuros. No geral, são assim as novidades dos jornais e das conversas. É muito importante defender a castidade de nosso espírito no que diz respeito a isso. Imagine: permitir que os detalhes de um único caso do tribunal criminal passeiem pelo nosso pensamento, pisoteiem profanamente seu próprio sancturn sanctorum 16 por uma hora ou — ai! — por muitas horas! Isso é fazer de botequim os recantos mais íntimos do espírito, como se a poeira das ruas nos tivesse tomado a alma, como se o santuário de nossa reflexão fosse a própria rua, com seu rebuliço, sua barulhada, sua imundície! Não seria isso um suicídio moral e intelectual? Nas ocasiões em que me vi obrigado a passar algumas horas como espectador e ouvinte numa sala de tribunal, percebi meus vizinhos voluntariamente se esgueirando de vez em quando, passando para lá e para cá na ponta dos pés, de mãos limpas e rosto barbeado; aos olhos de minha imaginação, assim que tiravam o chapéu suas orelhas cresciam subitamente no formato de enormes funis, a ponto de quase sumirem de todo suas pequenas cabeças. Tal como as pás de um moinho de vento, elas captavam o fluxo amplo mas ralo do som que, depois de dar umas voltas titilantes por seus cérebros medíocres, saía pelo outro lado. Fiquei especulando se eles teriam o cuidado de limpar os ouvidos antes de lavar as mãos e o rosto, ao chegar em casa. Nesses momentos, já me pareceu que ouvintes e testemunhas, o júri e o advogado, o juiz e o criminoso em julgamento — se é que posso considerá-lo culpado antes da sentença — eram todos igualmente criminosos, e um raio poderia muito bem cair e acabar com todos eles. Use todos os tipos de armadilhas e placas, ameace com a punição suprema da lei de Deus, faça tudo para afastar tais invasores do único chão que pode ser sagrado para você. É tão difícil esquecer o mal quanto é inútil recordá-lo! Se não posso deixar de ser um caminho para a passagem de outros, prefiro deixar passar os riachos das montanhas, as correntezas do Parnaso e não os esgotos da cidade. Existe a inspiração, aquele falatório que vem das cortes celestes e bate no ouvido do espírito mais atento. Existe a revelação profana e repetitiva que sai do botequim e do tribunal de polícia. O mesmo ouvido é capaz de receber ambas as mensagens. Depende exclusivamente do caráter do ouvinte a definição de qual delas será ouvida. Minha opinião é que o espírito pode ser profanado para sempre pelo hábito de prestar atenção a coisas triviais, de maneira a manchar com a trivialidade todos os pensamentos. Nosso próprio intelecto ficará compactado, por assim dizer: suas fundações serão estilhaçadas em pequenos fragmentos e as rodas dos viajantes passarão por cima delas; e se você estiver interessado em saber que tipo de pavimentação é a mais durável — melhor do que pedras lisas, tábuas de abeto ou asfalto —, basta prestar atenção a alguma de nossas mentes sujeitas há muito tempo a esse tratamento. Se dessa forma nos conspurcamos — e quem pode dizer que não o fez? —, o único remédio é buscar, com meticulosidade e devoção, a ressacralização de nosso espírito, fazer dele novamente um templo. Devíamos tratar nosso espírito — ou seja, nós mesmos — como crianças inocentes e ingênuas sob nossa guarda, e selecionar com cuidado os objetos e assuntos colocados à sua atenção. Não leiamos os Diários. Leiamos as Eternidades. No fim das contas, os convencionalismos são tão ruins quanto as impurezas. Até mesmo os fatos científicos podem empoeirar a mente com sua secura, a não ser que sejam, por assim dizer, apagados do quadro-negro todas as manhãs ou, melhor ainda, fertilizados com o orvalho da verdade fresca e viva. A sabedoria não chega aos espíritos em detalhes; ela viaja nos lampejos da luz celeste. Sim, cada fato que transita pela mente colabora no seu desgaste, contribui para torná-la rota, aprofunda as marcas das rodas que, na antiga Pompéia, davam prova de como eram cheias de movimento as suas ruas. Quantas coisas há que poderíamos muito bem tomar a decisão de desconhecer — não seria melhor ignorar as carrocinhas dos mascates, no seu passo bem lento, a atravessar aquela ponte tão longa pela qual nós confiamos finalmente passar, saindo da mais remota margem do tempo e chegando à primeira das praias da eternidade?! Não teremos alguma cultura, uma fineza ainda que mínima, ou apenas uma capacidade de viver grosseiramente e de servir ao Diabo, de conseguir um pouco de riqueza, fama ou liberdade mundanas e exibi-las com falsidade, como se fôssemos apenas casca e concha, vazios de tudo o que seja tenro e vivo? Devem nossas instituições ser como aquelas pinhas cheias de frutos abortivos, cuja utilidade é apenas a de nos espetar os dedos? É hábito dizer que os Estados Unidos da América são a arena na qual a batalha pela liberdade será travada; certamente não se deseja com isso indicar uma liberdade de conteúdo meramente político. Mesmo admitindo que o norte-americano tenha se livrado do tirano político, ele ainda é escravo de um tirano econômico e moral. Agora que a república — a respublica — foi estabelecida, já é hora de tratar da res-privata — o Estado particular —, de providenciar aquilo que o Senado de Roma exigia de seus cônsules: ne quid res-PRIVATA detrimenti caperet, ou seja, que o Estado particular não seja prejudicado. Não consideramos este país a terra dos homens livres? Que significa ser livre do poder do rei Jorge 17 e continuar escravo do rei Preconceito? Que significa nascer livre e não viver livre? Qual o valor de qualquer tipo de liberdade política se ele não serve como meio para se atingir uma liberdade moral? De que nos orgulhamos, da liberdade de sermos escravos ou da liberdade de sermos livres? Somos um povo de políticos profissionais e nos preocupamos apenas com a defesa externa da liberdade. Talvez os filhos de nossos filhos venham a ser realmente livres. Nós nos tributamos de forma injusta. Existe um pedaço de nós que não é representado. Trata-se de tributação sem representação 18. Alojamos soldados, alojamos idiotas e gado de todos os tipos em nós mesmos. Instalamos nossos corpos imensos em nossas almas frágeis, até que os primeiros engulam toda a substância das segundas. No que diz respeito a uma cultura e a uma humanidade verdadeiras, somos ainda essencialmente provincianos e não metropolitanos; nada mais somos que uns Jônatas 19. Somos provincianos porque não adotamos os padrões de nossa terra natal; porque não reverenciamos a verdade, apenas o reflexo da verdade; porque estamos distorcidos e limitados por nossa dedicação exclusiva ao comércio e aos negócios e à indústria e à agricultura e a essas coisas que são apenas meios, e não fins. O Parlamento inglês também é provinciano. Seus integrantes nada mais são do que caipiras; eles se revelam como são sempre que há uma questão um pouco mais importante a ser resolvida — tal como a questão da Irlanda ou, melhor dizendo, a questão da Inglaterra. Suas naturezas se subordinam a suas incumbências. Suas “boas maneiras” dizem respeito apenas a coisas secundárias. Os modos mais finos do mundo revelam-se desajeitados e idiotas na presença de uma fina inteligência. Os bons modos são apenas o emblema de dias passados — mesuras da corte, sapatos de fivela e calções apertados, tudo fora de moda. O caráter se perde cada vez mais pelos defeitos, de nada adiantando a excelência das maneiras, que são roupas ou cascas descartáveis, indignas do respeito que se deve dedicar aos homens. Acontece que nos trazem as cascas ao invés da carne, e isso não se justifica nem pelo fato de que há alguns peixes cujas cascas são de fato melhores do que as carnes. Quando um homem me impõe seus bons modos, sinto-me como se ele estivesse me mostrando seu baú de preciosidades, enquanto eu prefiro travar conhecimento com ele. Não foi exatamente nesse sentido que o poeta Decker 20 chamou Jesus Cristo de “o primeiro cavalheiro de verdade que existiu”. Repito que, nesse sentido, a mais esplêndida das cortes da cristandade é provinciana, com autoridade suficiente apenas para tratar de interesses transalpinos, sem grandeza para se ocupar das questões de Roma. Bastaria um pretor ou um procônsul para resolver os problemas que absorvem a atenção do Parlamento inglês ou do Congresso norte-americano. Governar e legislar! E eu que pensava que tais profissões eram honestas! Já ouvimos muito falar de Numa, Licurgo e Sólon, e outros, na história mundial, cujos nomes, pelo menos, podem simbolizar a legislação ideal; mas imagine a tarefa de regulamentar a procriação de escravos ou a exportação de fumo! Que podem legisladores divinos ter a ver com a exportação ou a importação de fumo? Que legisladores humanos podem se ocupar da procriação de escravos? Vamos supor que uma questão dessas fosse submetida ao juízo de algum filho de Deus — ele tem ou não tem filhos no século XIX, ou a família se extinguiu? —, como ela voltaria às nossas mãos? No dia do Juízo Final, o que um Estado como o de Virgínia alegará para se defender, logo ele que fez do fumo e dos escravos suas culturas principais, suas fontes de renda21? Que base existe para o patriotismo num Estado desses? Minhas afirmações estão baseadas nas estatísticas que os próprios Estados publicam. Temos um comércio que branqueja todos os mares em busca de nozes e passas, e que para isso transforma seus marinheiros em escravos! Há alguns dias tive a oportunidade de ver um navio que naufragou, provocando muitas mortes, enquanto sua carga de trapos, sementes de zimbro e amêndoas amargas se espalhava pelas praias vizinhas. Não me pareceu que valesse a pena enfrentar os perigos do mar, de Leghorn até Nova York, com a finalidade de trazer uma carga de sementes de zimbro e amêndoas amargas. A América do Norte comprando seus amargos do Velho Mundo! A salmoura do mar, o naufrágio, não há neles amargor suficiente para pôr a pique o gosto de viver aqui entre nós? Pois tal é o nosso elogiadíssimo comércio, pelo menos em grande parte; e existem os que assumem a postura de estadistas e filósofos e propagam cegamente a ideia de que a civilização e o progresso dependem exatamente desse tipo de intercâmbio e atividade — a atividade de moscas voejando em torno de um barril de melado. Alguém poderia dizer que está tudo bem, fossem os homens ostras. E eu responderia que está tudo bem, fossem os homens mosquitos. O tenente Herndon, encarregado pelo nosso governo de fazer uma exploração na região amazônica e — dizem — ampliar o território da escravidão, observou que lá é necessária “uma população trabalhadora e ativa, que conheça bem os confortos da vida e que sinta as necessidades artificiais que a induzam a extrair os grandes recursos do país”. Mas quais são as “necessidades artificiais” a serem estimuladas? Não pode ser a cobiça por coisas de luxo como o fumo e os escravos da sua querida Virgínia (creio que ele é natural de lá); nem podem ser o gelo, ou o granito ou outras riquezas materiais da nossa Nova Inglaterra; os “grandes recursos de um pais” não podem ser a fertilidade ou a aridez do solo, que são os responsáveis por esses recursos. Em todos os Estados que conheço, a principal carência é a de uma vontade superior e determinada para com seu povo. Basta isso para extrair da Natureza “os grandes recursos”, e também para sobrecarregar a Natureza para além de seus recursos; o homem acaba morrendo naturalmente nesse processo. Quando estamos mais interessados na cultura do que nas batalhas, e quando desejamos a clareza de espírito mais do que guloseimas, aí então os grandes recursos do mundo são solicitados e usados; o resultado, a produção rentável, não são escravos ou operários fabris 22, e sim homens — aquelas peças raras tais como heróis, santos, poetas, filósofos e redentores. Em poucas palavras, poderíamos dizer que, assim como a calmaria do vento permite a formação de um monte de neve, a calmaria da verdade permite o surgimento de uma instituição. Mas logo o vento volta a bater em suas paredes e a desfaz. O que é chamado de política é algo relativamente tão superficial e não-humano que, em termos práticos, quase nunca reconheci claramente que isso tenha alguma coisa a ver com ela. Percebo que os jornais dedicam algumas de suas colunas à política e ao governo, sem cobrar pelo espaço; alguém poderia dizer que é esse o único mérito da iniciativa; mas não há quantia que me faça ler essas colunas, pois amo a literatura e também, até certo ponto, a verdade. Não quero embotar tanto minha capacidade de julgamento moral. Ninguém poderá me incriminar por ter lido sequer uma única mensagem presidencial. Estamos numa época estranha deste nosso mundo, numa era em que impérios, reinos e repúblicas vêm, humildemente, esmolar à porta do homem privado, para chorar mágoas em seu ombro! Basta que eu abra um jornal para descobrir que um ou outro governo miserável, acuado e sem saída, está me pedindo — um mero leitor — para votar nele; isso é ser mais inconveniente do que um mendigo italiano. Se me dou ao trabalho de examinar as credenciais de seu governo — redigidas talvez por um bondoso escriturário do comércio ou pelo capitão do navio que o transportou, pois que ele mesmo nada fala da língua inglesa —, acabarei provavelmente lendo alguma coisa sobre a erupção de um Vesúvio ou o transbordamento de algum Pó que — mentira ou verdade — o levou a essa péssima situação. Num caso desses, não hesito em sugerir uma de duas coisas: um emprego ou um asilo de pobres. Ou aconselho ainda a manter tudo em segredo no palácio, tal como eu mesmo faço em minha casa. O pobre presidente, preocupado com sua popularidade e com o desempenho de seu dever, fica atônito com esses conselhos. São os jornais que ocupam o poder máximo. Qualquer outro governo fica reduzido à dimensão de um punhado de fuzileiros navais no Forte da Independência. Se um homem ignora o Daily Times, o governo se ajoelhará a seus pés, pois nos dias de hoje esse é o único ato autêntico de traição. Essas coisas — tais como a política e a rotina diária — que atualmente mais solicitam a atenção dos homens são, é bem verdade, funções vitais da sociedade humana; mas elas devem ser vividas inconscientemente, como as funções correspondentes do corpo humano. Elas são infra-humanas, assim como vegetar. Por vezes desperto e chego a uma semi-consciência de que elas transcorrem à minha volta, tal como um homem num estado mórbido pode se tornar consciente de alguns dos processos digestivos e então ser contemplado com uma dispepsia, tal como a chamam. É como se um pensador se submetesse ao processo de ser limado pelas grandes vísceras da criação. A política, por assim dizer, são as vísceras da sociedade, cheias de saibro e cascalho, e os dois partidos políticos são as suas metades opostas, que se raspam mutuamente — por vezes subdivididas em duas porções cada. Os indivíduos, mas também os Estados, sofrem portanto de uma dispepsia renitente; ela se expressa por um tipo de eloquência bem fácil de imaginar. Assim, nossa vida não é um grande ato de esquecimento mas, também, ai!, em grande parte um ato de lembrança: ficamos recordando aquilo de que nunca deveríamos ter-nos conscientizado, pelo menos quando acordamos. Há algum motivo pelo qual estamos impedidos de confraternizar algumas vezes como eupépticos — não como dispépticos cheios de pesadelos a narrar — e de nos congratularmos uns com os outros pela mais radiosa das manhãs? É evidente que não faço uma exigência descabida. Notas do organizador
O título desse artigo contém uma ambiguidade que terá sido intencional. Longe de defender uma vida sem critério ético ou moral, o autor acusa seus contemporâneos e leitores de viver assim e os exorta a admitir sua falta de princípios. Por outro lado, Thoreau não apresenta uma fórmula substantiva para a vida; segundo ele, cada um encontrará no seu íntimo o seu princípio, individual e intransferível, se o procurar.
Henry Thoreau
Enviado por Germino da Terra em 06/09/2012
Alterado em 06/09/2012 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |