férias
de Aldir Blanc, em Um cara bacana na 19ª
Eu estava bebendo demais, o casamento em pandarecos. Minha mulher se mandou, pretextando um curso de pós-graduação na Europa. Não me perguntem em quê. Não sei dirigir. Um amigo que tinha carro me levou pra Saquarema, com meus filhos, a sogra e uma babá nordestina, meio feinha, precursora do que mais tarde viria a se tomar moda: pernas cabeludas. Havia uma churrasqueira nos fundos da casa. Eu ficava lá, bebendo. A sogra e a babá cuidavam das crianças. Uma noite, sentei no velho sofá apoiado em latas de neston pra ver Brasil e Bulgária, Romênia, uma porra dessas. Tinha bebido o dia inteiro e dei uma cochilada durante o jogo. Acordei com uma aranha subindo pela minha coxa. Era a babá. Apanhei a toalha de banho largada numa cadeira, peguei a mão da moça e disse vamos. Andamos em direção à praia. Lá, estiquei a toalha na areia, fiquei nu, ela tirou a bermuda e veio por cima. Tinha um ninho denso e quente entre as pernas, uma selva oculta, bem orvalhada, noite de verão. Ela me olhava com ternura infinita, como se estivesse trepando com o próprio Netuno. Eu via o rosto pobre emoldurado de estrelas e dava estocadas violentas, fudendo o Brasil. Gozamos de uivar. Levei a moça na beira da água, fiz com que se agachasse e lavei a bucetinha dela na concha da mão, com todo o carinho. Voltamos pra casa, leves, eu de cigarro no canto da boca, ela com a mão em volta da minha cintura. A gente podia sentir o olhar espantado dos vizinhos. Entramos na casa. Vi com o canto dos olhos uns babacas tocando violão junto da churrasqueira. Caguei. Peguei uma acácia no muro e prendi no cabelo dela. Beijei suas mãos e seus olhos. Ela entrou no quarto dos fundos, chorando. Aquilo me entristeceu um pouco mas não podia fazer mais nada. Quando me virei, bati de frente com minha sogra. Ela me olhou tranquila, e perguntou: — Tudo bem? Eu, de polegar pra cima: — Jóia. Ela, coçando a cabeça: — Vou esquentar qualquer coisa pra você comer. Uma boa alma. Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 05/09/2011
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